26 dezembro, 2006

"Falta tanta coisa na minha janela
Como uma praia
Falta tanta coisa na memória
Como o rosto dela
Falta tanto tempo no relógio
Quanto uma semana
Sobra tanta falta de paciência
Que me desespero
Sobram tantas meias-verdades
Que guardo pra mim mesmo
Sobram tantos medos
Que nem me protejo mais
Sobra tanto espaço
Dentro do abraço
Falta tanta coisa pra dizer
Que nunca consigo
[...]
Vai saber,
Se o que me deu , quem sabe?
Vai saber,
Quem souber me salva
Vai saber,
O que me deu, quem sabe?
Vai saber,
Quem souber me salva"
Vai saber...
[O Teatro Mágico - Sobra tanta falta]

16 dezembro, 2006

Sono? Há tempos não sei o que é dormir. Passo noites em claro perdida em pensamentos, idéias e anseios. Nada de concreto. Talvez algo nisso tudo seja. Talvez não.

Desacredito do mal supremo e por vezes do bem. Na realidade, acreditar demais seja o meu problema. “ao pé da letra” nem sempre faz sentido. Literalmente? Há quem não saiba o real significado dessa expressão. Eu sei. Sei?

Costumam reclamar do meu silêncio. Suponho que ele nem exista de fato. Basta se concentrar um pouco mais e enfim perceber que enquanto calo, reclamo-grito-canto.

Canções. Essas falam por mim. Muitas são pensamentos meus organizados em rimas, versos e refrão. "The space between what's wrong and right..." cantarolo por aí. Mas baixo, sem que ninguém perceba.

Difícil separar o certo do errado quando se o que mais te enche os olhos é o nem um pouco correto. Sempre há uma justificativa, tudo tem uma explicação. Ou ao menos uma desculpa bem formulada.

Gosto da verdade mas no momento estou fugindo dela. As vezes é bom se deixar enganar pelo que é conveniente. "I don't have to be honest with myself" nem sempre da certo. Loser.

"One drink to remember, and another to forget" e nesse ritmo penso estar “seguindo em frente” ou “deixando rolar”. Mas o que realmente cura é ouvir Bach e tentar escrever. E lá se vão linhas e mais linhas de rabiscos sem sentido.

"Take my eyes, take my heart" talvez não precise mesmo. Chega de problemas.

Confio no poder das palavras, especialmente se tentam expressar sentimentos.
AMOR. A-M-O-R. 4 letras. A palavra apenas ilustra. Não expressa a décima parte do que realmente é sentir. Costumo acreditar. Quase sempre [ou seria quase nunca?] Não importa, o certo é que acredito. E por acreditar calo. Se digo é por vontade. Coragem.

Não quero me explicar, pra que se fazer entender? Ainda prefiro o silêncio. Ouvir, perceber, sentir. Acho melhor.

"Where can you run to escape from yourself?" gostaria de saber.

Me sinto bem. Ter os pés no chão cansa. Seria melhor se chovesse, não? Gosto do som, do vento frio e do meu quarto escuro. Dormir: talvez eu deva tentar um pouco mais. Chega de devaneios por hoje.

Estranha? Sim, muito.

"feeling strangely fine"

11 dezembro, 2006

Relacionamentos?

Domingo à tardinha, tédio total. Resolvemos eu e o doce dar uma volta na Praia Grande pra ver o tempo passar. Caminhando por aquelas ruas desertas iluminadas por luzes amarelas, entre cigarros e risadas chegamos à conclusão de que relacionamentos não são apenas complicados como também extremamente difíceis de lidar.

Na volta pra casa continuei pensando a esse respeito e isso me fez finalmente perceber que as minhas chances de estar numa relação com alguém que goste de mim de fato e realmente queira tentar fazer com que as coisas aconteçam são quase inexistentes.

Tenho no meu histórico um eterno-melhor-amigo-que-seria-perfeito-e-bla, um ex completamente louco que garante sentir minha falta até hoje e muitas semi-relações que somadas não são nem ensaios de algo realmente sólido.

Ou seja, eu não tenho a menor noção do que é estar com alguém. E justamente por isso um tal de namoro é algo completamente utópico, pelo menos por enquanto.

Não estou reclamando por estar sozinha, acho que até gosto disso. Ter liberdade de sair sem ter que dar satisfação a ninguém (alem do meu pai, claro) é perfeito. Mas ao mesmo tempo, não ter com quem dividir despesas com cinema e afins, pra quem falar aquelas coisas bobas que todos criticam mas o fazem, é ruim.

Até porque se pararmos pra pensar, essa historia de ter “ficas” não é nada simples. De repente você encontra alguém com aquele olhar encantador, que fala tudo que você gosta de ouvir, que gosta das mesmas coisas, tem mil amigos em comum e da uma vontade incontrolável de estar com ela pelo resto da vida. Daí vocês ficam, mil coisas acontecem e no outro dia agem como se nada tivesse ocorrido. No máximo você espera ansiosamente por um novo encontro e essa outra pessoa simplesmente caga pra você e vice-versa.

Animais sim, esses tem sorte. Eles simplesmente cruzam para preservar a espécie e não precisam de todo aquele jogo de conquista, discutir relação e nem mesmo ligar no dia seguinte. No caso das fêmeas é tudo mais simples ainda; ela fica lá linda, esperando os machos brigarem para então ter uns momentinhos mais íntimos com ela.

Na realidade não sei porque tudo é tão complicado quando se trata de sexo. Ok, sexo não tem nada de simples, já diria Freud (ele deve ter dito algo desse tipo né? Já que sua obra inteira se baseou na sexualidade humana). Mas já que é tão condicionado à nossa existência, por que não pode ser mais natural um relacionamento cujos fins estão no sexo? Pros meus pais, avós, tataravós foi, mas pra mim até agora anda meio complicado. Logo nos dias de hoje onde quase tudo é permitido, aqui estou eu cheia de travas. Às vezes penso que eu deveria ser bi ao menos né? Heterossexualidade é sinônimo de confusão [?]

Talvez eu simplesmente não tenha encontrado alguém “certo”, ou essa pessoa já esta por aí e eu nem me dei ao trabalho de perceber. Quem sabe eu precise de terapia pra perder mil bloqueios que me impedem de tentar encontrar nos pouco errados que me aparecem algo de especial.

O certo é que se para algumas pessoas estar numa relação a dois é complicado, quando se trata de alguém que não esta preparado para encontrar uma sogra problemática, cunhados sem noção e um namorado que a troca por jogos no PC, se torna praticamente impossível.

Por isso, para encontrar a tampa da panela, o sapato velho, a cara-metade é preciso paciência, dedicação, coragem e uma grande dose de insanidade.

Pelo menos, eu acho.