20 fevereiro, 2010

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Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura? Faz pouco despencou uma estrela e fizemos, ao mesmo tempo e em silêncio, um pedido, dois pedidos. Pedi para saber tocá-lo. Você não me conta seus desejos. Sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois daqui, poderá me dizer: não. Há uma espécie de heroísmo então quando estendo o braço, alongo as mãos, abro os dedos e brota. Toco. Perto da minha a boca se entreabre lenta, úmida, cigarro, chiclete, conhaque, vermelha, os dentes se chocam, leve rufdo, as línguas se misturam. Naufrago em tua boca, esqueço, mastigo tua saliva, afundo. Escuridão e umidade, calor rijo do teu corpo contra a minha coxa, calor rijo do meu corpo contra a tua coxa. Amanhã não sei, não sabemos.

Caio Fernando Abreu - Anotações sobre um amor urbano

05 fevereiro, 2010

Always in my thoughts you are
Always in my dreams you are
I got your voice on tape, I got your spirit in a photograph
Always out of reach you are

The more I get to know
The less I find that I understand
Innocent, the time we spent
Forgot to mention we're good friends.
I thought it was the start of something beautiful.
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