13 fevereiro, 2007

Saindo pela tangente, deixou cair um folheto; “Siga sempre em frente”. Volta e espera o dia clarear. Quem sabe ao amanhecer enfim perceba que ouvir a porta bater às costas não seja a melhor alternativa?

Conta os passos ao caminhar. Calçadas de concreto me distraem, pensa. Dois passos antes da divisória, nada mais. Quando menos espera, chegou ao seu destino.

Nunca sabe o que fazer com os fones de ouvido. Sente-se bem com eles, alheia ao mundo. Mas não quer se manter assim tão distante, não sempre.

Pessoas são estranhas, muito estranhas, disso sabe muito bem. Não sou um exemplo de normalidade. Tem um jeito peculiar que demonstrar afeto. Acha desnecessário muito contato e acredita que quem muito fala não o sente. Explode e silencia, mais nada.

Sete, quinze, trinta dias. Tudo passa tão rápido, não? Tudo passa, vai passar.

Corre em direção ao ônibus. A rotina não espera, isso é revoltante. O dia já amanheceu, pra que fugir?

Mais um plano deixado pra depois, assim como os livros na estante e os filmes jogados pelo chão do quarto.

05 fevereiro, 2007

Esses dias não foram nada fáceis. Como nunca na vida quis outra vez um abraço, um sorriso, um olhar. Não é nada confortante saber que isso tudo vai ficar apenas na memória.

Não penso na morte como um final de linha, muito menos nesse caso. Alguém tão doce e puro não poderia simplesmente deixar de existir assim, sem nenhuma razão ou justificativa. Algo nisso tudo deve fazer sentido, só acho que não conseguirei entender - não agora.

Confortante é saber que todo carinho e admiração sempre foi recíproco. Perdi a presença física, as piadas, o aconchego daquela camisa de malha, o som da risada entre outras infinitas coisas que só quem conviveu bastante sabe. Mas sei que obtive um exemplo vivo de confiança, carinho, bondade e respeito.

Se eu tivesse mais uma chance? Agradeceria. Pela honra de ter conquistado uma amizade assim tão especial. Passou rápido demais, ao menos pra mim. Porém foi o bastante pra que enfim tivesse certeza de que ainda existem pessoas com algo bom, que só tem uma missão na vida: que é a de nos mostrar que nem tudo está perdido.

Não poderia deixar que esse momento passasse em branco, principalmente se tratando dele. Eu só precisava de um tempo pra conseguir organizar as idéias e principalmente, não sofrer ao dizer isso tudo.

Saudades eternas sei que sentirei, mas posso garantir que em algum plano ele esta bem melhor do que qualquer um, afinal ele merece. E mais ainda, sei que ele não quer ver quem ele realmente cativava sofrendo pelos cantos. É por isso que decidi cessar as lágrimas e deixar com que o vazio que sinto seja preenchido com nossos melhores momentos.

A vida continua e isso não podemos mudar. Só nos resta encontrar força suficiente pra superar a falta que ele nos fará.

Ele merecia um texto cheio de rimas e paisagens. Mas isso foi tudo o que eu consegui fazer como forma de homenagem ao meu amado amigo, Hugo. É simples, porém verdadeiro.

Força amigos. Estamos sentindo a mesma dor e juntos conseguiremos supera-la.

E é isso..