De vez em quando sinto a cabeça pesar, o coração acelerado e as mãos frias, como se tentasse me recuperar de um grande susto. Quanto a isso nenhuma novidade, afinal é tudo perfeitamente reconhecível e as coincidências estão aí pra provar que nada de mais grave se esconde por trás desses sintomas.
Me concentro nos prazos, artigos, parágrafos intermináveis e gráficos, dados, diagnósticos. Mantenho meu foco, sigo à risca as regras que eu mesma defini para a minha rotina. Vezenquando canso, então me permito um pouco de preguiça, gorduras trans, boa música e filmes, muitos deles.
Amigos? Estão por aqui de alguma forma, sempre estarão. Porém é importante me perceber um pouco sozinha, pelo meu próprio bem (hoje compreendo isso de verdade). Ninguém se perde nessa vida, e quanto a permanências, acredito que isso fuja da nossa vã vontade.
Espero desse meu novo ano que se inicia nada além do que Caio F. disse certa vez:
[...]Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.
Que assim seja.
No mais, estou bem sim. Isso deve ser um bom sinal.