28 junho, 2010

Revendo algumas postagens antigas, encontrei uma composição de Oswaldo Montenegro que postei há alguns anos e que chegou a assustar o quanto encaixou-se perfeitamente ao meu “hoje”. Belíssimas palavras que falam por mim, dessa minha existência dúbia, carregada de sentimentos precisos e múltiplas certezas. No fim, o amor é o que rege e o que fica. Espero que gostem.


"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Pois metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que triste.
Que a mulher que amo seja pra sempre amada, mesmo que distante.
Pois metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Pois metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço.
Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância.
Pois metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e queo seu silêncio me fale cada vez mais.
Pois metade de mim é abrigo a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba e que ninguém a tente complicar. Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer.
Pois metade de mim é platéia a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada.
Pois metade de mim é amor.
E a outra metade também".

Oswaldo Montenegro - Metade.

19 junho, 2010

Registro nº 2




"e de repente olhaste uma flor sobre uma sepultura e disseste que gostavas tanto de amarelo e eu disse que amarelo era tão vida e sorriste compreendendo e eu sorri conseguindo e vimos uma margarida e nem sequer era primavera e disseste que margarida era amarelo e branco e eu disse que branco era paz e disseste que amarelo era desespero e dissemos quase juntos que margarida era então desespero cercado de paz por todos os lados."

Caio F. - O dia de ontem.


Gosto de margaridas amarelas, dessas cheias de vida, ternura e surpresa.

05 junho, 2010

Registro n° 01

Sou apenas mais uma aprendiz da solidão natural a qual todos estamos submetidos, à procura de algo que eu possa chamar de abrigo, cercada de incoerentes por todos os lados.